Este blog faz parte do Projeto de Intervenção Pedagógica do PDE e tem por objetivo registrar as Oficinas Pedagógicas realizadas com os alunos e professores do Curso de Formação de Docentes do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves, da cidade de Palmeira, Paraná.
domingo, 30 de março de 2014
TAREFA - Questionário sobre Brinquedoteca
Os participantes deverão realizar uma visita nas escolas para aplicar um questionário aos professores sobre a brinquedoteca, fotografar o espaço e postar no blog uma síntese da atividade.
TERCEIRA OFICINA - Importância do brincar e sua relação com a aprendizagem
Vídeo: Entrevista com a Profª Tizuko Morchida Kishimoto
Textos sobre a importância do brincar no processo ensino-aprendizagem:
NARRATIVAS
Os participantes deverão elaborar uma narrativa (diário pessoal) sobre a oficina de jogos, brinquedos e brincadeiras e postar no blog.
SEGUNDA OFICINA - Jogo, brinquedo e brincadeira segundo Kishimoto

A palavra
lúdico significa brincar. Nesse brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e
brincadeiras. Mas, afinal, qual a diferença entre jogo, brinquedo e
brincadeira?
“No
Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma
indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo. Enfim,
cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo
de vida, que se expressa por meio da linguagem. [...] Diferindo do jogo, o
brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao
uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização.”
(KISHIMOTO, 1996, p. 17).
Segundo Kishimoto (2005), durante um longo período o
jogo infantil foi considerado apenas no aspecto recreativo. Na Antigüidade
greco-romana, o jogo infantil foi visto como recreação aparecendo vinculado ao
relaxamento necessário às atividades escolares que exigiam esforço físico e
intelectual. Já na Idade Média, o jogo assumiu o significado de algo “não
sério”, pois estava associado ao jogo de azar. A partir do Renascimento, o jogo
foi utilizado para a disseminação dos princípios morais, ética e informações
nas áreas de história e geografia, principalmente. No Renascimento a
brincadeira é colocada como comportamento livre que facilita o desenvolvimento
da inteligência e do estudo. Segundo a autora, foi a partir do século XX que o
brinquedo educativo (pedagógico), foi considerado como um aliado no processo
ensino-aprendizagem, desenvolvendo e educando a criança de maneira prazerosa.
Para
compreender o significado de jogo, brinquedo e brincadeira, Kishimoto (2005) se
apropriou de estudos realizados pelos pesquisadores Brougére (1993) e Henriot (1989).
Para eles o jogo pode ser visto como o resultado de um sistema lingüístico que
funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras e um objeto
O jogo, enquanto fato social, assume o sentido que
cada sociedade lhe atribui, pois dependendo do lugar e da época, os jogos
assumem significações diversas. A ação da criança indígena que se diverte
atirando com arco e flecha pode ser vista como brincadeira por um observador externo,
mas para a comunidade indígena é uma forma de preparo para a arte da caça. Para
Kishimoto (2005, p. 15) “uma mesma conduta pode ser jogo ou não-jogo em
diferentes culturas, dependendo do significado a ela atribuído.”
O jogo, visto como um sistema de regras, permite
identificar uma sequência de normas que definem sua modalidade, ou seja, quando
alguém joga, está colocando em prática as regras do jogo e, ao mesmo tempo,
desenvolvendo uma atividade lúdica.
O jogo também é visto como objeto. De acordo com
Kishimoto (2005) “o xadrez materializa-se no tabuleiro e nas peças que podem
ser fabricadas com papelão, madeira, plástico, pedra ou metais.”
Os jogos diferem dos brinquedos no que diz respeito
às regras preexistentes. A boneca é um brinquedo, e não se confunde com o jogo,
pois a criança pode brincar sem obedecer regras preestabelecidas.
“O
brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no
cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos
objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para
que possa manipulá-los.” (KISHIMOTO, 2005, p. 18)
De acordo com a autora, o brinquedo não reproduz
apenas objetos, mas uma totalidade social. Atualmente, eles reproduzem o modo
de vida atual, o mundo técnico e científico, através de bonecos, robôs e
aparelhos eletrodomésticos. Eles representam também, o mundo imaginário criado
por desenhos animados e contos de fadas.
Entre os benefícios encontrados no brinquedo estão o
estímulo à curiosidade, a autoconfiança, a iniciativa, o desenvolvimento da
linguagem e da concentração. O brinquedo é um agente que facilita o
desenvolvimento e a aprendizagem, pois através dele, a criança aprende enquanto
atua e para que haja um aproveitamento adequado dos benefícios que traz, é
conveniente que esteja incluído em atividades dinâmicas, ou seja, atividades
que exijam uma participação ativa por parte da criança.
O brinquedo, enquanto objeto, é sempre suporte da
brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil. E
a brincadeira é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do
jogo. Portanto, é o lúdico em ação.
PAINEL CRIATIVO
Na primeira oficina pedagógica os grupos foram orientados a confeccionar um cartaz sobre ludicidade utilizando apenas recorte de jornais e revistas.

domingo, 2 de março de 2014
TAREFA - Pesquisa sobre brincadeiras, brinquedos e jogos
Pesquise com seus pais e avós sobre as
brincadeiras, brinquedos e jogos que existiam na sua época.
Registre esta pesquisa nos comentários deste post e utilize o seguinte roteiro: nome da brincadeira, objetivos,
desenvolvimento, ilustração, recursos.
PRIMEIRA OFICINA - A Ludicidade segundo Cipriano Carlos Luckesi
O
QUE É LUDICIDADE

Mas afinal,
o que significa a ludicidade? As crianças aprendem através do lúdico?
Segundo
Luckesi (2005) a principal característica da ludicidade é a plenitude da
experiência, isto é, a vivência lúdica de uma atividade exige uma entrega total
do ser humano.
Vejamos a
seguir alguns trechos do texto “Ludicidade e Atividades Lúdicas: uma abordagem
a partir da experiência interna” de Cipriano Carlos Luckesi (2005) onde ele
apresenta a suas ideias a respeito do assunto:
[...]
Usualmente os textos disponíveis, que abordam a questão da ludicidade,
tratam-na, predominantemente, sob a ótica de seu papel na vida humana: no
desenvolvimento humano, nos processos de ensino-aprendizagem, nos processos
terapêuticos, na recreação, no divertimento, no lazer; ou, então, abordam
repertórios de atividades lúdicas, descrevendo como realizá-las; e existem
ainda muitos outros estudos sociológicos ou históricos sobre esse fenômeno.
Pouco, porém, se tem tratado da ludicidade e das atividades lúdicas de um ponto
de vista interno e integral. É esse o meu objetivo neste texto, na busca de
oferecer uma melhor compreensão da definição que venho dando para esse fenômeno
em meus escritos. A abordagem que estou utilizando para conceituar o fenômeno
da ludicidade foca a experiência lúdica como uma experiência interna do sujeito
que a vivencia. É desse ponto de vista
que se segue tudo o que exponho abaixo, ou seja, não estou tratando de estudos
externos da atividade lúdica, tais como os sociológicos, os etnográficos, os
históricos ou os descritivos, que, sem sombra de dúvidas são sumamente
importantes. Estou me confrontando com as seguintes perguntas: O que é a
atividade lúdica para o sujeito que a vivencia? E, enquanto vivencia, que
efeitos essa experiência lhe produz?
[...]
Em 1998, escrevi um texto intitulado
“Desenvolvimento dos estados de consciência e ludicidade”, no qual explicitava
a seguinte compreensão da ludicidade: “Tomando por base os escritos, as falas e
os debates, que tem se desenvolvido em torno do que é lúdico, tenho tido a
tendência em definir a atividade lúdica como aquela que propicia a ‘plenitude
da experiência’. Comumente se pensa que uma atividade lúdica é uma atividade
divertida. Poderá sê-la ou não. O que mais caracteriza a ludicidade é a
experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos”
No ano de 2000, retomei
esse conceito de ludicidade em um artigo que escrevi para a coletânea Educação e Ludicidade, por mim
organizada, como primeira publicação do GEPEL, intitulado “Educação, ludicidade
e prevenção de neuroses futuras: uma proposta pedagógica a partir da
Biossíntese”. Nessa oportunidade, assim, me expressei: “O que a ludicidade traz
de novo é o fato de que o ser humano, quando age ludicamente, vivencia uma
experiência plena. Com isso, queremos dizer que, na vivência de uma atividade
lúdica, cada um de nós estamos plenos, inteiros nesse momento; nos utilizamos
da atenção plena, como definem as tradições sagradas orientais. Enquanto
estamos participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na
nossa experiência, para qualquer outra coisa além dessa própria atividade. Não
há divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. Poderá
ocorrer, evidentemente, de estarmos no meio de uma atividade lúdica e, ao mesmo
tempo, estarmos divididos com outra coisa, mas aí, com certeza, não estaremos
verdadeiramente participando dessa atividade. Estaremos com o corpo aí
presente, mas com a mente em outro lugar e, então, nossa atividade não será
plena e, por isso mesmo, não será lúdica.(LUCKESI, 2005)
Considerando
essa conceituação de Luckesi (2005) compreendemos que a ludicidade não é um
sinônimo de brincadeira, como comumente é afirmada. Além disso, de acordo com
essa explicação, podemos entender que as brincadeiras serão lúdicas, somente
quando levarem a criança à vivência plena e entrega total no momento de sua
efetivação. Assim, nem toda brincadeira é lúdica, nem toda atividade lúdica é
uma brincadeira.
Para que as
brincadeiras sejam consideradas lúdicas é necessário que atinjam o centro de
interesse e/ou necessidade da criança, despertando nela vontade de participar
da mesma e contendo uma série de elementos que as mantenham inteiramente na
experiência durante o período de sua realização.
O brincar é
uma necessidade humana e proporciona a integração do indivíduo com o ambiente
onde vive, sendo considerado como meio de expressão e de aprendizado. As
atividades lúdicas possibilitam assimilação de novos conhecimentos, intercâmbio
de idéias, desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade bem como, o
aprimoramento de várias habilidades destacando-se as motoras. Por intermédio da
brincadeira lúdica, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o
imaginário.
Luckesi
(2005) afirma que a atividade lúdica é aquela que propicia à pessoa que a vive,
uma sensação de liberdade, um estado de plenitude e de entrega total para essa
vivência.
Brincar, jogar, agir
ludicamente, exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente, ao mesmo
tempo. A atividade lúdica não admite divisão; e, as próprias atividades
lúdicas, por si mesmas, nos conduzem para esse estado de consciência. Se
estivermos num salão de dança e estivermos verdadeiramente dançando, não haverá
lugar para outra coisa a não ser para o prazer e a alegria do movimento
ritmado, harmônico e gracioso do corpo. Contudo, se estivermos num salão de dança,
fazendo de conta que estamos dançando, mas de fato, estamos observando, com o
olhar crítico e julgativo, como os outros dançam, com certeza, não estaremos
vivenciando ludicamente esse momento. (LUCKESI, 2005)
Sendo
assim, viver uma experiência plena significa participar verdadeiramente de uma
atividade lúdica, isto é, envolver-se por inteiro, ser alegre, flexível e
saudável. Entretanto, quando uma pessoa está no meio de uma atividade lúdica,
mas, ao mesmo tempo, está dividida, preocupada com outro acontecimento, com
certeza não estará vivendo plenamente a atividade. Desse modo, a atividade não
pode ser considerada lúdica.

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