domingo, 30 de março de 2014

SEGUNDA OFICINA - Jogo, brinquedo e brincadeira segundo Kishimoto


                                                              
A palavra lúdico significa brincar. Nesse brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras. Mas, afinal, qual a diferença entre jogo, brinquedo e brincadeira?




“No Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo. Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem. [...] Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização.” (KISHIMOTO, 1996, p. 17).

                Segundo Kishimoto (2005), durante um longo período o jogo infantil foi considerado apenas no aspecto recreativo. Na Antigüidade greco-romana, o jogo infantil foi visto como recreação aparecendo vinculado ao relaxamento necessário às atividades escolares que exigiam esforço físico e intelectual. Já na Idade Média, o jogo assumiu o significado de algo “não sério”, pois estava associado ao jogo de azar. A partir do Renascimento, o jogo foi utilizado para a disseminação dos princípios morais, ética e informações nas áreas de história e geografia, principalmente. No Renascimento a brincadeira é colocada como comportamento livre que facilita o desenvolvimento da inteligência e do estudo. Segundo a autora, foi a partir do século XX que o brinquedo educativo (pedagógico), foi considerado como um aliado no processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo e educando a criança de maneira prazerosa.
                Para compreender o significado de jogo, brinquedo e brincadeira, Kishimoto (2005) se apropriou de estudos realizados pelos pesquisadores Brougére (1993) e Henriot (1989). Para eles o jogo pode ser visto como o resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras e um objeto                                     
                O jogo, enquanto fato social, assume o sentido que cada sociedade lhe atribui, pois dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações diversas. A ação da criança indígena que se diverte atirando com arco e flecha pode ser vista como brincadeira por um observador externo, mas para a comunidade indígena é uma forma de preparo para a arte da caça. Para Kishimoto (2005, p. 15) “uma mesma conduta pode ser jogo ou não-jogo em diferentes culturas, dependendo do significado a ela atribuído.”
                O jogo, visto como um sistema de regras, permite identificar uma sequência de normas que definem sua modalidade, ou seja, quando alguém joga, está colocando em prática as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica.
                O jogo também é visto como objeto. De acordo com Kishimoto (2005) “o xadrez materializa-se no tabuleiro e nas peças que podem ser fabricadas com papelão, madeira, plástico, pedra ou metais.”
                Os jogos diferem dos brinquedos no que diz respeito às regras preexistentes. A boneca é um brinquedo, e não se confunde com o jogo, pois a criança pode brincar sem obedecer regras preestabelecidas.

“O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los.” (KISHIMOTO, 2005, p. 18)

                De acordo com a autora, o brinquedo não reproduz apenas objetos, mas uma totalidade social. Atualmente, eles reproduzem o modo de vida atual, o mundo técnico e científico, através de bonecos, robôs e aparelhos eletrodomésticos. Eles representam também, o mundo imaginário criado por desenhos animados e contos de fadas.

                Entre os benefícios encontrados no brinquedo estão o estímulo à curiosidade, a autoconfiança, a iniciativa, o desenvolvimento da linguagem e da concentração. O brinquedo é um agente que facilita o desenvolvimento e a aprendizagem, pois através dele, a criança aprende enquanto atua e para que haja um aproveitamento adequado dos benefícios que traz, é conveniente que esteja incluído em atividades dinâmicas, ou seja, atividades que exijam uma participação ativa por parte da criança.

                O brinquedo, enquanto objeto, é sempre suporte da brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil. E a brincadeira é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo. Portanto, é o lúdico em ação.
                                                                                                                                                       

Um comentário:

  1. Adorei, o jogo realmente está interligado com a cultura do povo, da sociedade...

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